Querer saber mais sobre os procedimentos de rotina de um hospital faz parte da tua preparação para o parto. Esta é uma dimensão mais objetiva e factual que te trará mais informação. Muitas destas questões ganham uma importância diferente se já tiveres começado a tua reflexão quanto às tuas preferências para o parto. Estas reflexões irão dar lugar a um documento a que habitualmente chamamos plano de parto.

Quando colocas estas questões ao profissional de saúde pertencente à instituição onde planeias parir, fica atenta aos sinais que o teu corpo te envia quando ouves as respostas. Vai além da informação factual e ouve a tua intuição.

Sentiste que as tuas questões foram acolhidas e reconhecidas?

As respostas dadas foram transparentes e genuínas?

O profissional de saúde foi atento e disponível ou evasivo? Esteve mais centrado em ouvir-te ou, em oposição, em informar-te dos seus protocolos?

Partilho algumas questões que são importantes colocar. Poderás querer acrescentar ou eliminar alguma. Cada mulher é única e cada parto também. Este é o teu caminho. Se achaste a lista muito extensa, destaco as duas primeiras questões:

  • A quantos partos já assistiu sem qualquer intervenção?
  • Como será o seu acompanhamento caso eu decida aguardar até às 42 semanas?
  • O Hospital incentiva a que as mulheres sigam um plano de parto?
  • Quais são os procedimentos face à COVID-19?
  • Pode dizer-me como lidam com um parto vaginal de rotina?
  • Quando devo dar entrada no hospital? (recordando que quanto mais tempo ficar em casa menos possibilidade haverá para intervenções)
  • Permitem que se esteja em trabalho de parto, ter o parto e ficar com o bebé sempre no mesmo quarto? (se a resposta for “não” haverá possibilidade de abrirem uma exceção?)
  • Normalmente requerem que haja canalização de uma veia?
  • Fazem CTG rotineiramente durante o trabalho de parto?
  • O CTG é contínuo ou intermitente?
  • Com que frequência virá alguém fazer-me um exame vaginal (toque) para verificar a dilatação?
  • Quais são os procedimentos no hospital, se eu recusar um exame vaginal (toque) de rotina?
  • Ao fim de quanto tempo após entrar em trabalho de parto virá alguém ver-me (enfermeira ou médico/a de serviço?)
  • Estará alguém do hospital comigo durante o trabalho de parto?
  • Em caso de parto no hospital privado, quando virá o obstetra ter comigo?
  • O obstetra tem backups caso não possa estar presente?
  • O meu companheiro pode estar comigo durante todo o processo?
  • Há chuveiros e/ou banheiras em todos os quartos?
  • Permitem comida e bebida durante o trabalho de parto?
  • Incentivam as mulheres a andar, porem-se de cócoras ou de gatas durante o trabalho de parto?
  • Posso escolher a posição para o parto? (algumas camas de hospital permitem mais variedade de posições – é bom saber de antemão quais são as alternativas possíveis)
  • Posso tomar um banho para aliviar as dores durante o trabalho de parto mesmo se a bolsa das águas já tiver rompido?
  • Posso ficar na água para o bebé nascer?
  • Que tipo de medicação para as dores utilizam?
  • Que tipo de técnicas não farmacológicas para o alívio da dor recomenda?
  • Se eu quiser uma epidural quais são as linhas pelas quais se guiam para a administrar?
  • Fazem episiotomias? Porquê? Em que percentagem de nascimentos?
  • Recorrem à utilização de ventosa? Em que percentagem de nascimentos?
  • Recorrem à utilização de forceps? Em que percentagem de nascimentos?
  • Que linhas seguem no que diz respeito a rutura artificial de membranas? (Pergunte se o trabalho de parto pode avançar normalmente sem rutura artificial, se a mãe será informada acerca da intenção de fazerem a rutura e se tem o direito de recusar. Pergunte acerca das linhas que seguem após romperem a bolsa. Quanto tempo permitem que passe antes de começarem as contrações? Que testes quererão fazer? – mais vale andar e estar ativa que ser induzida com oxitocina)
  • Quanto tempo me deixarão em trabalho de parto antes de fazerem qualquer intervenção?
  • Quais são os procedimentos do hospital caso recuse a administração de soro?
  • Quanto tempo esperam para cortar o cordão e deixar expulsar a placenta?
  • Posso ser eu ou o meu companheiro a receber o bebé?
  • O meu companheiro pode cortar o cordão?
  • Consideram necessário porem antibióticos nos olhos do bebé assim que ele nasce ou podem esperar 24h? (Pergunte se pode escolher não porem nada, especialmente se não há risco de infeção por doença venérea.)
  • Dão rotineiramente vitamina K injetada aos recém-nascidos? Poderei escolher a administração oral da vitamina K? Em caso de injecção, poderei pedir que seja administração enquanto o bebé está pele com pele, a mamar?
  • Permitem a amamentação imediatamente depois do nascimento do bebé?
  • Permitem que se atrase a tiragem de medidas e o pesar do bebé, pelo menos uma hora?
  • Permitem que o bebé fique comigo no meu quarto?
  • Existem conselheiros em aleitamento materno no hospital?
  • Ao fim de quanto tempo me darão alta?

É muito comum as mulheres não gostarem de questionar, por sentirem que quem está do outro lado pode sentir que estão a pôr em causa a sua competência profissional. No entanto, um profissional que esteja consciente e seguro face à sua abordagem não se sentirá incomodado. Pelo contrário, gostará de contribuir para que a grávida esteja mais informada e, portanto, mais confiante e tranquila.

Referência
Harper, B. (2005) – Gentle Birth Choices, Healing Arts Press.